A SEC concedeu às empresas fiduciárias estatais a capacidade de atuar como custodiantes de ativos criptográficos sob a Lei das Sociedades de Investimento e a Lei dos Consultores de Investimento. Essa decisão veio na forma de uma carta de não ação, o que significa que a equipe da SEC não recomendará a aplicação contra consultores de investimento ou fundos regulamentados que usam empresas fiduciárias estatais como custodiantes qualificados para ativos digitais, desde que sigam certas regras. Essas condições incluem due diligence anual, acordos de custódia por escrito, divulgações de risco e prova de que as decisões são tomadas no melhor interesse dos investidores.
As empresas fiduciárias estatais são entidades financeiras criadas pela lei estadual. Elas não são bancos com carta federal e, em muitos casos, não podem aceitar depósitos. A mudança agora permite que elas mantenham ativos criptográficos e dinheiro relacionado para os investidores. Essa medida esclarece uma questão de longa data sobre se essas empresas contam como “bancos” sob as regras federais quando se trata da custódia de ativos digitais.
Os defensores da decisão dizem que ela abre a porta para mais participantes no mercado de custódia de criptomoedas. Grandes empresas como Coinbase, Ripple, BitGo e WisdomTree já operam nesse espaço por meio de custodiantes autorizados pelo estado, como a Standard Custody. Elas agora podem ser reconhecidas como custodiantes qualificados, o que expande o acesso para que os fundos de investimento armazenem criptomoedas com segurança.
Brian Daly, Diretor da Divisão de Gestão de Investimentos da SEC, disse que a clareza era necessária porque as empresas fiduciárias estatais nem sempre eram vistas como custodiantes elegíveis. Ele explicou que, embora isso seja apenas uma orientação da equipe e não uma regra permanente, dá ao mercado uma direção para os produtos e gestores atuais. Daly também observou que futuras regulamentações da SEC poderiam abordar o tema de forma mais formal.
Nem todos na SEC apoiam a medida. A comissária Caroline Crenshaw criticou duramente a carta, argumentando que ela enfraquece as proteções aos investidores. Ela disse que as empresas fiduciárias estatais nem sempre atendem aos padrões tradicionais de custódia, o que cria um precedente perigoso. Crenshaw alertou que a redução dos padrões para a custódia de criptomoedas pode levar a uma concorrência desleal, um excepcionalismo criptográfico e um processo inadequado sem análise legal ou suporte factual suficientes. Ela enfatizou que as regras de custódia protegem os investidores contra roubo, perda ou uso indevido de ativos, e teme que essa mudança deixe lacunas nessa proteção.
A decisão reflete o debate mais amplo em Washington sobre como regular os ativos digitais. De um lado, estão aqueles que querem trazer mais supervisão para as criptomoedas, ao mesmo tempo em que dão aos investidores acesso a opções regulamentadas. Do outro, estão os reguladores que acreditam que o relaxamento das regras pode expor os investidores a novos riscos. Com esta orientação, as empresas fiduciárias estatais agora desempenharão um papel maior na custódia de ativos criptográficos, embora a questão das regras de longo prazo permaneça em aberto.