O projeto cripto da família Trump enfrenta novos problemas após colocar na lista negra um de seus maiores investidores. A World Liberty Financial, também chamada de WLFI, congelou mais de 100 milhões de dólares em criptomoedas vinculadas ao bilionário Justin Sun. Sun é o fundador da blockchain Tron e uma figura importante no mundo cripto, com uma fortuna superior a 12 bilhões de dólares. Ele tinha proximidade com a família Trump, chegando a participar de eventos ao lado do ex-presidente Donald Trump e de seus filhos Eric, Barron e Donald Jr., ligados ao novo empreendimento cripto. Seu repentino confronto com a World Liberty Financial levantou dúvidas sobre como o projeto de criptomoeda da família Trump é administrado e quais riscos os investidores enfrentam.
Justin Sun anunciou no X que a World Liberty Financial congelou sua carteira. Ele disse que comprou tokens como qualquer outro e que merecia os mesmos direitos. Sun tem sido um dos maiores apoiadores do memecoin de Trump e depois da WLFI, gastando dezenas de milhões para apoiar esses projetos. Ele chegou a ser convidado para um jantar privado com Donald Trump em maio, que recompensou os principais investidores da criptomoeda de Trump. Apesar disso, dados da blockchain da Arkham Intelligence mostram que Sun transferiu cerca de 9 milhões de dólares em tokens WLFI logo após a moeda começar a ser negociada. O preço do token já havia caído 40%, para cerca de 19 centavos, segundo dados da Binance. Após a transferência, a World Liberty Financial congelou a carteira de Sun, alegando que estava reagindo a uma atividade de alto risco.
Sun admitiu ter movido alguns tokens, mas argumentou que sua transferência não tinha relação com a queda do preço. Ele afirmou que não houve compra nem venda, o que significava que o mercado não deveria ter sido afetado. Para provar sua lealdade, Sun se ofereceu para comprar 10 milhões de dólares em WLFI e outros 10 milhões em ações de uma empresa pública ligada a Trump. Ele insistiu que era inocente e disse que suas ações não deveriam ser vistas como prejudiciais. Mesmo assim, a World Liberty Financial divulgou um comunicado afirmando que não busca colocar ninguém na lista negra, mas que agirá se perceber comportamentos que possam prejudicar os membros da comunidade.
O congelamento contra Justin Sun é relevante por causa do quanto ele investiu no projeto cripto da família Trump. Em janeiro, pouco antes da posse de Trump, Sun revelou que havia comprado cerca de 75 milhões de dólares em WLFI. Na época, ele elogiou Trump nas redes sociais, dizendo que todo o dinheiro que ganhava com cripto era graças ao ex-presidente. Essa lealdade o tornou um dos maiores detentores do memecoin de Trump e um dos aliados mais ricos da família Trump no mundo cripto. Críticos afirmaram que o enorme investimento de Sun parecia tráfico de influência, especialmente porque a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) tem um processo em andamento contra ele. A SEC alega que Sun violou leis de valores mobiliários na forma como promoveu certos tokens. Ele negou qualquer irregularidade e, no início deste ano, seus advogados e a SEC disseram que estavam explorando uma possível resolução.
A World Liberty Financial foi lançada em outubro como um novo projeto cripto da família Trump. A plataforma se apresenta como uma aplicação de finanças descentralizadas, ou DeFi. DeFi significa colocar atividades bancárias tradicionais, como empréstimos e financiamentos, no blockchain para que os usuários possam interagir sem bancos. A família Trump vê a WLFI como uma forma de construir influência no mundo em rápido crescimento das finanças descentralizadas, ao mesmo tempo em que vincula a marca política de Trump à criptomoeda. Desde seu lançamento, a WLFI tem sido associada ao retorno de Donald Trump à política, à sua popularidade entre investidores de cripto e ao crescente mercado de ativos digitais com a marca Trump. Os apoiadores afirmam que a criptomoeda da família Trump mostra o apoio do ex-presidente à tecnologia blockchain, enquanto críticos temem que misture política com investimentos arriscados.
O conflito de Justin Sun com a WLFI destaca a tensão entre grandes apoiadores e fundadores de projetos. Os projetos de cripto geralmente dependem de investidores iniciais para ganhar impulso, mas esses mesmos investidores também podem causar problemas se movimentarem grandes quantias de tokens. Nesse caso, a transferência de Sun ocorreu em um momento ruim, justamente quando a WLFI já enfrentava dificuldades para manter seu valor. A queda de 40% no preço deixou muitos investidores nervosos, e o congelamento fez alguns questionarem se a World Liberty Financial tratará todos os usuários de forma justa. Para os pequenos investidores, a medida mostra que até bilionários podem perder acesso às suas carteiras se o projeto os considerar uma ameaça.
O papel da família Trump neste projeto só aumentou a atenção. O próprio Donald Trump promoveu seu memecoin e a World Liberty Financial, enquanto seus filhos Eric, Barron e Donald Jr. estão listados como cofundadores. O envolvimento deles liga diretamente a WLFI à marca política de Trump. Os apoiadores dizem que essa conexão torna o token mais atraente, enquanto os críticos veem como arriscado, pois o projeto pode subir ou cair dependendo da sorte política de Trump. Os investidores sabem que qualquer criptomoeda da família Trump enfrentará forte escrutínio, não apenas dos reguladores, mas também de rivais políticos que veem o cripto como outra forma de Trump levantar dinheiro e ampliar influência.
O processo da SEC contra Justin Sun é outra razão pela qual essa história importa. A agência o acusou de violar as leis de valores mobiliários ao vender tokens de maneira que infringia as regulamentações dos EUA. Sun conseguiu continuar operando no mundo cripto apesar disso, mas seus problemas legais deixaram alguns investidores cautelosos. O congelamento de sua carteira pela World Liberty Financial, enquanto ele já está sob pressão regulatória, cria ainda mais incertezas. Alguns se perguntam se essa disputa pode prejudicar a WLFI no longo prazo ou levar outros grandes investidores a recuar.
Por enquanto, Sun afirma que continua comprometido com os projetos cripto de Trump. Sua oferta de comprar mais WLFI e ações ligadas a Trump mostra que ele quer permanecer envolvido, mesmo após ter sido colocado na lista negra. Mas não está claro se a World Liberty Financial aceitará sua proposta. Os investidores que acompanham o projeto precisam decidir se confiam que a família Trump protegerá seu dinheiro ou se temem que até mesmo os maiores aliados possam perder acesso a seus fundos.
A história de Justin Sun e da World Liberty Financial mostra como política, regulação e cripto podem colidir. O projeto cripto da família Trump tem poderosos apoiadores e uma marca política forte, mas também carrega altos riscos. Congelar a carteira de um bilionário é uma medida dramática que mostra que o projeto está disposto a agir contra qualquer um, até mesmo seus apoiadores mais ricos. Com o processo da SEC ainda pendente contra Justin Sun e a WLFI lutando para manter seu preço, tanto Sun quanto a família Trump enfrentam questionamentos sobre o futuro de sua parceria cripto. Enquanto Trump se prepara para outra campanha e Sun enfrenta suas batalhas legais, o destino da World Liberty Financial permanece incerto, deixando os investidores entre a promessa de lucro e os riscos da controvérsia.